Saiba mais sobre o impacto do ChatGPT nas profissões e entenda o que está em jogo nesta revolução tecnológica.
Nós já ouvimos esta história na ficção e no noticiário: máquinas inteligentes tomam o lugar dos humanos e empurram levas inteiras para a fila do desemprego – ou da aposentadoria forçada por obsolescência.
A ficção costuma ir mais longe e colocar homens e máquinas em guerra, como no livro e filme Eu, robô, mas isso fica para outra ocasião.
Aqui vamos falar da realidade concreta e presente do avanço da Inteligência Artificial no mercado de trabalho.
Já há empresas anunciando com grande alarde seus investimentos bilionários em IT, enquanto a imprensa comunica demissões de milhares destas mesmas corporações, como a Microsoft.
Especialistas alertam que, de fato, as máquinas substituem o trabalho braçal em ritmo crescente.
Ao mesmo tempo, existem aqueles que não se deixam deslumbrar com a nova tecnologia e dizem que os humanos saberão canalizá-la – afinal, são eles os criadores.
Um programa que deu o que falar no final de 2022 adiciona um elemento novo neste debate: o ChatGPT.
Estamos falando de um chatbot, “um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas (…) O objetivo é responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador”, segundo a definição da Wikipédia.
Criado pela empresa Open AI, ele aplica algoritmos de aprendizado de máquina a um grande volume de texto para responder perguntas do usuário com uma linguagem muito semelhante à humana.
O terreno sobre o qual a IA progride varia de acordo com a área, mas a preocupação é generalizada. Acadêmicos, filósofos e cientistas da computação, entre outros, veem o risco de determinadas profissões serem suplantadas pelo ChatGPT e ferramentas semelhantes.
Capaz de escrever, processar e depurar códigos, ensinar, administrar e manipular dados e até criar obras de arte visual, o ChatGPT foi proibido nas escolas públicas de Nova York e na universidade francesa Sciences Po.
Há relatos de que alunos foram flagrados usando a ferramenta em provas e de que o programa obteve notas melhores do que humanos em um curso de MBA.
A seguir, veremos qual é o impacto previsto do ChatGPT em algumas profissões.
Educação
No setor da educação, há quem creia que a IA já é capaz de ministrar aulas, especialmente a partir do segundo grau, em que o conhecimento é construído sobre bases já assentadas.
O argumento é que o ChatGPT utiliza o aprendizado pelo reforço: treinadores de IA interagem com o programa nos papeis de chatbot e de usuário para aprimorar suas respostas continuamente.
Para alívio dos educadores e tristeza dos alunos malandros, o programa tem lá suas limitações.
Sendo falível como tudo que é criado pelo ser humano, ele pode dar respostas erradas. Além disso, a OpenAI admite que ele tem conhecimento limitado de informações posteriores a 2021 e, por enquanto, o software não é capaz de vasculhar a rede em busca do que ainda não “sabe”.
A tecnologia ainda é criticada por poder gerar conteúdos danosos ou tendenciosos, por exemplo privilegiando dados de determinados grupos em detrimento de outros.
Jornalismo
Para os profissionais do jornalismo, o risco parece menor por ora. Empresas do setor que submeteram programas de IA ao desafio de redigir reportagens divulgaram resultados mistos.
Na etapa seguinte, que é a edição, eles se saem bem melhor. Encurtar, sintetizar, resumir e até criar manchetes é a ‘cara’ do ChatGPT.
Mas há coisas que só as pessoas fazem bem, ao menos por enquanto, como a checagem de fatos. Trata-se de uma habilidade que exige critério e experiência, duas qualidades por definição inexistentes em uma tecnologia recente e dependente de treinamento feito por humanos.
Finanças
Quem trabalha com finanças pode ter mais razões para passar noites em claro.
Um acadêmico americano do setor de computação e informação crê que o ChatGPT e similares podem tirar muitos empregos do setor, já que seus profissionais são treinados para agir como robôs – e robôs de verdade fazem o que fazem mais rápido.
Dito isto, também nesta área persiste a crença de que a tomada de decisões continuará cabendo aos seres humanos.
Design gráfico
Algo a temer para quem trabalha com design gráfico? Sim, de acordo com alguns especialistas.
Antes de lançar o ChatGPT, a OpenAI criou o DALL-E, um programa de inteligência artificial que cria imagens com base em descrições textuais.
Sendo um de vários no mercado, ele pode vir a tomar o lugar de fotógrafos e designers gráficos em tarefas como criação de imagens para sites.
Mas aqui também a IA mostra que tem limitações, não possuindo a habilidade de atender todas as expectativas de usuários que buscam criações com base em artistas e estilos específicos.
Mais uma vez, é provável que se trate de uma curva de aprendizado, portanto algo passível de melhorias no futuro.
Ideias próprias, porém, a ferramenta não terá – é preciso lembrar que ela funciona respondendo a comandos.
Falando em autoria, outro problema das imagens geradas por chatbots e congêneres é a dos direitos autorais. Uma grande empresa de imagens processou uma companhia de IA por causa do uso ilegal de seu acervo.
Design de sites e engenharia de computação
Você atua no campo de design de sites e engenharia da computação? Respire fundo antes de continuar lendo.
Um professor de ciência da computação e engenharia elétrica da Universidade de Nova York conta que o ChatGPT é capaz de criar um site, coisa que costumava exigir a mão de um profissional qualificado.
Como a IA consegue codificar de acordo com os parâmetros do usuário, ela pode substituir a mão de obra deste setor.
Previsões sempre devem ser aceitas com uma pitada de sal, mas esta não deixa de assustar: acredita-se que, em algum momento dos próximos cinco a dez anos, engenheiros de programação ocupados com tarefas de codificação mais simples deixarão de ser necessários. O tempo mostrará o quanto houve de exagero e de acerto, mas é certo que chatbots e outras ferramentas de IA mudarão o panorama de diversas profissões neste século – às vezes para melhor, às vezes para pior, a depender do ponto de vista.