Em meados dos anos 1990, a revista Veja publicou a seguinte reportagem de capa: “Computador pessoal: você ainda vai ter um”.
Parecia um exagero. No mínimo, um tanto precipitado.
Hoje, idosos munidos de tablets conversam com os netos por videoconferência.
Se os PCs já são uma realidade cotidiana de centenas de milhões de pessoas, uma promessa que se torna cada vez mais próxima de se realizar é a da Inteligência Artificial (IA) substituir humanos em diversas funções.
Ela traz vantagens e desvantagens. Por um lado, nos libertará de trabalhos exaustivos, repetitivos e perigosos. Por outro, eliminará empregos.
Outra ainda é o risco de a IA ser usada para realizar atividades que deveriam estar a cargo de seres humanos, como trabalhos escolares.
Aqui entra o ChatGPT, já cercado de expectativas e polêmicas nos primórdios de 2023.
Mas um passo de cada vez: a seguir, o Observador Digital conta para você o que é esta ferramenta.
O que é o ChatGPT?
Estamos falando de um chatbot: segundo a definição da Wikipédia, trata-se de “um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas (…) O objetivo é responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador”.
O ChatGPT vai muito além disso.
Criado pela empresa Open AI para fins benéficos, o programa de IA aplica algoritmos de aprendizado de máquina a um grande volume de texto para responder perguntas do usuário com uma linguagem muito semelhante à humana.
O fator humano entra no aprendizado pelo reforço: treinadores de IA interagem com o programa nos papeis de chatbot e de usuário, moldando as respostas do ChatGPT para que elas se pareçam mais com aquelas de uma pessoa.
Quem interage com IA em canais de comunicação voltados ao consumidor sabe bem como esta peca por ser entusiasmada demais, fria demais ou simplesmente incapaz de responder a mais do que solicitações básicas.
Para que serve o ChatGPT?
Aqui começamos a adentrar o terreno do que foi pura imaginação durante muito tempo e hoje causa um misto de empolgação e preocupação.
Uma das utilidades do ChatGPT é ensinar. Ele consegue explicar palavras e conceitos cada vez mais complexos e tirar dúvidas. Há quem acredite que a ferramenta poderá até substituir professores um dia.
O chatbot serve também para escrever, processar e depurar códigos, como por exemplo na geração de solicitações de SQL, fundamentais para cientistas de dados.
Outro de seus usos é a administração e manipulação de dados. Sendo capaz de converter dados desestruturados, o ChatGPT manipula-os para lhes dar um formato. Aí entram solicitações de JSON, índices, tabelas.
Uma das aplicações mais surpreendentes e controversas da ferramenta é a criação de arte, especificamente de imagens. Entrando em um universo que já é explorado por outras tecnologias, o ChatGPT mostra uma grande capacidade de geração de situações de Realidade Aumentada, um dos exemplos mais atraentes deste tipo de IA.
E quando o assunto é controvérsia, este chatbot dá o que falar: ele é capaz de compor uma canção e de escrever um texto com fluidez, lógica e até elegância – o que pode levar estudantes a usá-lo para fazer suas tarefas escolares. As escolas públicas de Nova York e a universidade francesa Sciences Po proibiram seu uso.
Quais são os contras do ChatGPT?
Como diz a música da Blitz, “tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas…”
Apesar de todos os recursos que oferece, o ChatGPT é imperfeito, como toda criação humana.
Sendo uma tecnologia que exige treinamento constante e que ainda está sendo desenvolvida, ela está sujeita a falhas e limitações.
Uma delas são as respostas erradas que a aproximam de nós, meros mortais. Um site de perguntas e respostas para profissionais e entusiastas de programação de computadores rejeitou o ChatGPT por considerar seu índice de acertos “baixo demais”.
O programa também é limitado nos dados de treino e tendencioso, como muitos modelos de IA. Isto exige melhor transparência de dados dos modelos para evitar tropeços, como privilegiar dados de determinados grupos em detrimento de outros.
Questiona-se ainda a viabilidade do programa, já que se considera que a quantidade de GPUs exigida para rodar o ChatGPT o torna caro. Em se tratando de um produto gratuito, sua sobrevivência pode ser posta em jogo por este fator.
Falando em futuro, uma das questões que se colocam é se o ChatGPT eventualmente substituirá o Google como ferramenta de busca.
Quem usa este último se acostumou a encontrar respostas para uma variedade quase infinita de perguntas, que vão de “O que é a Teoria Especial da Relatividade” a “Localizar a feira mais próxima”.
Como utiliza os algoritmos de IA mais recentes e bem treinados, o ChatGPT chega a oferecer respostas melhores do que o site de buscas tão popular que se tornou um verbo em inglês.
Por outro lado, o programa recorre a textos brutos, sem citações ou links, o que obriga o usuário cuidadoso a buscar fontes de confirmação.
Ao mesmo tempo, o Google já reage criando modelos de linguagem amplos e empregando IA em seus algoritmos de busca.
Ao que tudo indica, ainda passaremos algum tempo “dando um Google” antes de dar preferência ao ChatGPT.
Como usar o ChatGPT
O ChatGPT se revela uma ferramenta promissora, contanto que suas limitações sejam resolvidas e que ela seja usada com critério para facilitar a vida, não servir de atalho para tarefas que cabem a nós ou que sempre faremos melhor.
Conhecida por ter criado o DALL-E, um programa de inteligência artificial que cria imagens com base em descrições textuais, a OpenAI voltou a dar o que falar.
A empresa desenvolveu um chatbot que redige textos com fluidez, lógica e até elegância, criando a sensação de ter sido compostos por um ser humano.
Chatbot, segundo a definição da Wikipédia, é “um programa de computador que tenta simular um ser humano na conversação com as pessoas (…) O objetivo é responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador”.
Achou interessante?
É muito fácil usar o ChatGPT. Basta fazer uma busca, como “Revolução Francesa”, para receber uma resposta em forma de texto com vários parágrafos – um passo adiante na tecnologia já existente de geração de texto automática de IA.
O programa também tem ferramentas, que você pode usar criando uma conta – e é tudo de graça.
Representando um avanço adicional no campo sempre em crescimento da IA, o ChatGPT foi concebido para fornecer resultados detalhados a qualquer pesquisa.
Uma dica: é melhor usar frases afirmativas do que perguntas. Ao invés de “O que é semiologia?”, escreva “Explicar o que é semiologia”.
No quesito tamanho, é possível solicitar um número específico de parágrafos de um artigo ou site.
Mas nada é perfeito, seja no mundo real ou no virtual, e o ChatGPT não é exceção.
Um exemplo? Os textos gerados podem conter erros.
A OpenAI afirma que é incomum o programa preencher lacunas com informações incorretas por falta de dados, mas admite que ele tem conhecimento limitado de informações posteriores a 2021.
Por enquanto, o software desenvolvido por treinadores de IA não é capaz de vasculhar a rede em busca do que ainda não “sabe”.
Um site de perguntas e respostas para profissionais e entusiastas de programação de computadores rejeitou o ChatGPT por considerar seu índice de acertos “baixo demais”.
A tecnologia ainda é criticada por poder gerar conteúdos danosos ou tendenciosos, por exemplo privilegiando dados de determinados grupos em detrimento de outros.
O ChatGPT vai além da geração de textos. Ele ainda pode ser utilizado para escrever, processar e depurar códigos, ensinar, administrar e manipular dados e até criar obras de arte visual.
Entre suas qualidades, também estão lembrar o que o usuário pesquisou anteriormente, permitir que este envie correções e ser programado para rejeitar o que considera “pedidos impróprios” – mas isto pede esclarecimentos, claro. Quem diz o que é ‘impróprio’?
É uma das questões que seus desenvolvedores terão que responder.